domingo, 26 de agosto de 2012

XENIA






Era o Vitório um saudosista. E foi essa sua principal característica em toda a sua vida. Amava o passado que não vivera, naqueles tempos de Lavras. Depois, passou a amar e a cultivar o passado que nós vivêramos, embora fosse um piloto atento às novidades tecnológicas de seu metier. Não houve adeuses entre nós. Cada um foi para um lado, porque a vida quis assim. Mas os laços de amizade permaneceram fortes. Família a gente não escolhe e, por isso, amamos ou não os parentes, irmãos, primos, tios... Mas, amigos... esses a gente escolhe, cultiva, mantém para sempre, mesmo depois que eles partem. E o Vitório, assim como o Augusto (que também já faleceu), não é apenas um irmão que escolhi, é o eterno moleque que sabia mais aritmética do que eu no Grupo Escolar Álvaro Botelho. Sobrevivi para lembrar e contar o pouco que lembrei. E se dei o nome de LETRAS QUE CHORAM a esse blog, foi para ficar para sempre gravada a preferência do Vitório pela música de Francisco Alves, seu cantor predileto da velha guarda, que soltava a voz no rádio e nos discos pretos de vinil, cantando: "Adeus, adeus, adeus, cinco letras que choram..."


FIM



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